Como explicar essa comparação?
Os judeus tinham uma noção errada sobre os ricos e os pobres. Compreendiam ser a prosperidade uma prova do favor divino simbolizando bênçãos de Deus materializadas na vida do homem. Dessa forma criam que era mais fácil a salvação para os ricos do que para os pobres. Coube a Jesus trazer o entendimento necessário a essa questão. O vemos antes deste incidente com o moço rico, relatando a história do Rico e Lázaro, aonde o rico vai para a perdição e o pobre para a salvação.
Não devemos nos deixar levar por conclusões simplistas de que todos ricos vão para o inferno, e de outro lado os pobres por essa condição se salvarão. O que Jesus está realmente ensinando? Que as riquezas podem ser perigosas para aqueles que as possuem.
O teólogo William Barclay ao comentar Mateus 19:24, ressalta que os perigos para quem confia nas riquezas são três:
1º) As posses numerosas fomentam uma falsa independência.
2º) As riquezas prendem as pessoas a este mundo. (Mateus 6:21).
3º) As riquezas tendem a fazer a pessoa egoísta.
De igual forma, mormente três Interpretações são dadas para Mateus 19: 24:
1ª) Houve uma substituição da palavra grega – kámilos – corda, para kámelos – o animal. O fundo da agulha considerar-se-ia literalmente.
2ª) A palavra camelo deve ser considerada literalmente, mas o fundo da agulha era uma pequena porta ao lado da porta principal de Jerusalém, pela qual um camelo passaria, após tirar-lhe a carga e, mesmo assim ajoelhado e aos empurrões.
3ª) Tanto o camelo quanto o fundo da agulha são considerados literalmente.
Essa terceira é a interpretação que mais simpatizo. Assim como a repetição e a metonímia, Cristo usa uma figura de linguagem chamada hipérbole, que nesse caso se caracteriza pelo exagero, com o objetivo de despertar a atenção dos ouvintes para melhor fixar a narrativa na memória.
Então, para enfatizar uma verdade divina, Jesus usou o recurso do exagero para que, causando o impacto esperado, todas as pessoas em todos os tempos repetissem essa comparação aprendendo uma verdade divina.
Marcos Bizerra
Graça e Paz.