Por Marcos Bizerra
Quanto a leitura dos textos bíblicos alguns escritos há mais de três mil anos, enfrentamos um dilema: atualizar a linguagem empregada tornando mais fácil compreendê-la ou manter a tradução mais fiel possível ao original? Alguns termos usados ou caíram em desuso ou sequer alguma vez na vida foram utilizados pela imensa maioria dos brasileiros. Não podemos negar que esses termos “estranhos” terminam por dificultar à compreensão da mensagem tão importante a edificação pessoal.
Não há nenhuma novidade em afirmar que a grande maioria dos brasileiros não têm muito apreço pela leitura. Preferimos televisão com suas informações resumidas, superficiais e tendenciosas, e por isso, pouco desenvolvemos o senso crítico que nos possibilite o aprofundamento das questões as quais consideramos importante para edificação da nossa fé. O Senhor Jesus, mesmo não sendo cidadão brasileiro por nacionalidade, cunhou a seguinte frase que nos cabe como uma luva: Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus? (Marcos 12.24)
Pontuamos algumas questões para discussão. Fique a vontade para discordar e até expressar suas opiniões no espaço para comentários.
QUEM OU O QUE É JORDÃO (Mt. 3.13): essa é uma pergunta que pode fazer um iniciante na prática da leitura das Sagradas Escritura.
O versículo grafado na versão Revista e Atualizada ou mesmo na Revista e Corrigida assim está: ”Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o batizasse.” Para o Jordão poderia o neófito entender ser um amigo de Jesus, por exemplo.
Já na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, por sinal contestada por alguns, encontramos o mesmo versículo grafado dessa forma:
“Naqueles dias, Jesus foi da Galiléia até o rio Jordão a fim de ser batizado por João Batista”. Mais fácil de ser compreendido, não é mesmo? Houve nesse caso o acréscimo da palavra “RIO” para definir o substantivo próprio “JORDÃO”.
SICÔMORO DE ZAQUEU (Lc: 19.4): esse é um pouco mais difícil. Zaquel foi um personagem que se tornou muito conhecido por meio de uma música gospel do cantor Regis Danese. No entanto, o que vem a ser um sicômoro?
O versículo está registrado assim na versão Revista e Atualizada:
“Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar.”
Já na Nova Tradução na Linguagem de Hoje lemos o mesmo texto:
“Então correu adiante da multidão e subiu numa figueira brava para ver Jesus, que devia passar por ali.” Mais fácil de ser compreendido?
TOCAR O ESQUIFE (LC. 7.14): o emprego do verbo “TOCAR” no perfeito do indicativo induz alguns a acreditar que esquife seja um instrumento musical e não um caixão funerário como a análise do contexto nos possibilitaria entender. Compare as duas versões e veja qual mais favorece o entendimento:
Revista e Atualizada:
“Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te!”
Nova Tradução na Linguagem de Hoje:
“Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse: - Moço, eu ordeno a você: levante-se!”
No segundo caso, a substituição da palavra “ESQUIFE” por “CAIXÃO” faz toda diferença para compreensão do evento.
O FRUTO DA LUZ E AS OBRAS DAS TREVAS (Ef. 5.3-5): Que tal experimentar explicar esse texto na versão mais fiel à tradução original? Nas versões Revista e Atualizada e Corrigida lemos substantivos e advérbios tais como:
“impudicícia, conversação torpe, chocarrices, incontinente, torpezas, parvoíces, fornicador, ou impuro, ou avarento”.
Substituídos na Nova Tradução na Linguagem de Hoje por temos mais usuais tais como:
“ imoralidade sexual, indecência ou cobiça, palavras indecentes, coisas tolas ou sujas, imoral, indecente ou cobiçosa”.
Então o que fazer? Desprezar as traduções mais fiéis ou original grego, aramaico e hebraico em detrimento a Nova Tradução na Linguagem de Hoje livre e descompromissada com a etimologia das palavras?
Na minha modesta opinião, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje cumpre o papel de discipular os novos convertidos que ainda não estão familiarizados com a literatura bíblica originária de um povo asiático com costumes diferentes, contextos políticos e sociais distantes no tempo e espaço. Vencida essa primeira fase, prefiro os textos mais cultos, as traduções Revistas e/ou Corrigidas ou Atualizadas, que estão mais aproximadas dos originais, pois nos possibilita além do enriquecimento do vocabulário, uma compreensão mais apurada da mensagem.
Graça e Paz do Senhor Jesus.
Obs: Os textos bíblicos aqui apresentados têm como referência a tradução para o português feita por João Ferreira de Almeida.
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